Estamos felizes em apresentar o primeiro artigo na série histórica sobre a força militar do Brasil, o único país latino-americano que participou da Segunda Guerra Mundial. Conhecida como FEB, a Força Expedicionária Brasileira foi uma força militar brasileira de aproximadamente 25 mil pessoas que participou, junto com os Aliados, na Campanha da Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Eis a história de como a FEB foi formada e de como o Brasil entrou na Grande Guerra na Europa.
No começo da guerra em 1939, o Brasil teve um relacionamento amigável com ambos os lados - Eixo e Aliados - em termos de comércio. O Brasil manteve-se bem neutro durante o início da Guerra e continuou fazendo negócios com os Estados Unidos e a Alemanha. Quando alguém perguntava sobre a possibilidade do Brasil participar da guerra, a resposta era que ficaria "mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra".
Este plano de ficar completamente neutro mudou no início de 1942, quando os EUA convenceram o presidente Getúlio Vargas a deixá-los utilizar a ilha de Fernando de Noronha e a costa nordestina como escala para os navios americanos a caminho para o norte da África. Caso Vargas insistisse em manter o Brasil neutro, os EUA tinham planos de invadir o nordeste brasileiro.
Após alguns meses deste acordo com os Estados Unidos, Alemanha e Itália iniciaram uma série de torpedeamentos que afundaram vários navios mercantes brasileiros. Entre os dias 15 e 17 de agosto de 1942, cinco navios foram afundados pelo submarino alemão U-507, resultando na morte de mais de 600 civis. Às 19:12 do dia 15 de agosto, o primeiro torpedo acertou o navio Baependi, a caminho do Recife partindo da Bahia. Às 21:03 do mesmo dia, o mesmo submarino alemão disparou contra o Araraquara. O próximo ataque foi ao Aníbal Benévolo, às 04:13 da madrugada do dia seguinte, enquanto os passageiros dormiam. Mais tarde, no mesmo dia, durante o almoço, o Itagiba recebeu uma explosão, originada pelo mesmo submarino. O último ataque foi realizado na tarde do dia 17 de agosto, afundando o Arará, que estava viajando de Salvador para Santos.
Quando a notícia dos ataques foi publicada nos jornais brasileiros, o povo saiu às ruas em protesto. Com os civis mortos, e a Rádio de Berlim fazendo comentários arrogantes sobre os ataques, a opinião pública ficou bem clara: era preciso vingança. Depois de alguns dias, o presidente não teve chance de recusar os pedidos do povo. Vargas finalmente declarou guerra contra a Alemanha Nazista e a Itália fascista no final de agosto, e a cobra realmente fumou!
Durante a época de neutralidade, o exército brasileiro não havia se preparado e precisava de várias mudanças para ficar pronto para combater na Grande Guerra na Europa, onde aconteceram alguns dos maiores avanços em tecnologia de guerra. Após o país se juntar aos Aliados, os americanos doaram o que puderam para ajudar na modernização do exército brasileiro. O Brasil recebeu artilharia, veículos e, é claro, tanques, incluindo o M4 Sherman, o M3 Lee e o M3 Stuart. Além de estar mal-equipado, o Brasil também não tinha a técnica e métodos de treinamento modernos que outros exércitos estavam utilizando em combate. Então, os EUA também forneceram treinamento e táticas para as forças armadas brasileiras.
Sob o comando do General Mascarenhas de Morais, a Força Expedicionária Brasileira foi criada e integrada ao 4o Corpo do Exército Americano. Logo depois da criação da FEB, a força começou a usar o lema "A cobra está fumando" e a imagem da cobra fumante como seu símbolo, se referindo aos comentários sobre a possibilidade do Brasil na guerra, antes da declaração da mesma.
Em 1944, dois anos depois dos ataques aos navios mercantes, a FEB saiu do Brasil, e viajou para Itália, para combater ao lado dos Aliados contra os fascistas ocupando o país. Os pracinhas, como os soldados brasileiros eram chamados, nunca serão esquecidos pela sua luta contra os fascistas na Itália, e farão sempre parte da história dos italianos e da vitória dos Aliados.
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